quinta-feira, 12 de abril de 2018

«OPINIÃO» "O PAPEL DA DIPLOMACIA ECONÓMICA NA DINAMIZAÇÃO DA ECONOMIA" - MESTRE ALIU SOARES CASSAMÁ

A Diplomacia Económica é um instrumento importante das Relações Internacionais. A abertura ao exterior representa para a Guiné-Bissau e para as principais tarefas do Estado um desafio urgente cuja resposta deve ser dada com a celeridade que as metas e objectivos subjacentes requerem. E para o efeito nada melhor do que envolver também a diáspora guineense, uma importante comunidade que representa uma fatia relevante do Produto Interno Bruto (PIB) da Guiné-Bissau. 

Mas o conceito de diplomacia económica deve ser visto dum modo mais alargado, abarcando todas as acções que contribuam para afirmação no exterior da estrutura económica nacional. 

Neste conceito alargado, são especialmente significativos dois sub-conceitos: (i) o da imagem global do país em relação à sua dimensão empresarial, económica e social e (ii) o de embaixador. 

O modelo da diplomacia económica potencia um ciclo virtuoso em que a diplomacia e a economia se alavancam mutuamente em prol de mais e melhores exportações nacionais, da internacionalização das empresas guineenses, da promoção da Guiné e da sua imagem, e da contribuição para a captação de investimento directo estrangeiro de qualidade. 

A diplomacia é essencial ao desenvolvimento económico dos países e, por isso, tem de ser decididamente activa e pro-activa. Neste sentido, e por consequência, é importante que se assegure uma melhor articulação entre a diplomacia e as empresas. 

Infelizmente, a diplomacia económica da Guiné com os seus parceiros será feita sobretudo na variável importação, uma vez que não dispomos de nenhum produto de exportação com a exceção do caju, sujeito a forte sazonalidade. 

O nosso país apresenta uma posição geográfica boa, mas a instabilidade política e social é o que o diferencia da maioria dos países africanos. 

A diplomacia económica envolve a comercialização de produtos e serviços, a atração de investimento Directo Estrangeiro (IDE), e de fluxos turísticos, a internacionalização da economia e, por vezes, a melhoria de acesso aos modelos internacionais de financiamento. A condição capital para o seu desenvolvimento prende-se com a capacidade de atrair capitais externos. 

Hoje, a Guiné-Bissau tem uma multiplicidade de parceiros estratégicos, depois de consolidar as relações bilaterais com: China, França e Alemanha, só para citar alguns, sem descurar o relacionamento com os parceiros tradicionais como Portugal, Senegal, Guiné-Conacri, Rússia e Cuba, não obstante uma má imagem do país junto das instituições internacionais. 

A atracção do investimento estrangeiro implica a existência de um conjunto de variáveis, algumas das quais verdadeiras condições sine qua non para os propósitos desse investimento. 

Para se falar da diplomacia económica num país como a Guiné-Bissau, primeiramente o sector privado deve estar bem organizado e dispor de uma estrutura forte para poder competir com as outras empresas. 

A aposta na Diplomacia económica requer contrapartidas internas, algumas já apontadas, que não podemos minimizar sob pena de faltar a viabilidade e a sustentabilidade que pretendemos. 

Por isso, é importante ser realista quando se pretender projectar a Diplomacia Económica que tenha como objectivo estratégico conquistar os mercados e os investimentos estrangeiros. Efectivamente, esta cruzada de ordem diplomática é já uma realidade neste momento e já dispomos de uma representação diplomática junto dos Países Árabes (Médio Oriente), considerados os melhores parceiros para se fazer negócios. 

Um pequeno país como a Guiné-Bissau é vulnerável em períodos de crise. Por exemplo, pode ser alvo de ataques especulativos pelos mercados internacionais, ou sentir-se pressionado por via externa (por um estado ou organização internacional). Tem pouco poder reivindicativo em caso de dificuldade, mas pode obter alguma margem de manobra geopolítica uma vez equacionada a resolução dos seus problemas, que transforme as crises em oportunidades para tornar modelos problemáticos em sistemas eficientes. Ou seja, a diplomacia económica é apenas instrumental na visão politica estratégica dos seus lideres. Portanto, um país como o nosso deve evitar colocar-se numa situação de dependência externa. É importante que se estabeleçam alianças com economias fortes. 

Não é fácil cumprir o papel dos modelos de diplomacia económica no contexto de crise que o país atravessa. Como fazê-lo? Sabe-se que o Estado disponibiliza bens e serviços públicos aos seus cidadãos e procura gerir recursos em nome do interesse nacional. 

A Guiné-Bissau precisa de um Ministro dos Negócios Estrangeiros com uma perfeita compreensão do conceito alargado de diplomacia económica e da sua importância estratégica para a afirmação económica, social e empresarial do nosso país. 

Nas condições actuais, sem receitas significativas, com endividamento elevado, com a economia em falência, a política de atracção de investimentos estrangeiros poderia ter tido êxito se alterasse o quadro político vigente. 

Quanto mais liberal for a filosofia do mercado, menor é a oferta dos serviços públicos externos e menos as empresas recorrem à rede diplomática. Ou seja, em países onde o Estado intervém menos na economia, as empresas tendem a recorrer menos à diplomacia económica. 

Mestre: Aliu Soares Cassamá

Sem comentários:

Enviar um comentário