quarta-feira, 22 de novembro de 2017

JOSÉ MARIA NEVES DIZ QUE ÁFRICA DEVE CONTAR COM OS SEUS PRÓPRIOS MEIOS PARA SE DESENVOLVER



O antigo primeiro-ministro de Cabo Verde José Maria Neves disse hoje em Maputo que África deve contar com os seus próprios meios para sair do atraso económico, considerando que a cooperação internacional não será suficiente para desenvolver o continente.

José Maria Neves partilhou a sua opinião sobre o rumo que África deve seguir para se tornar próspero, quando falava como principal orador na palestra "Um olhar sobre Cabo Verde", promovido pela Universidade Pedagógica de Maputo.

"Temos que pensar pelas nossas próprias cabeças, temos que contar com os nossos próprios meios, porque a cooperação internacional nunca será suficiente", afirmou José Maria Neves.

Os países africanos, prosseguiu, devem ouvir o que os parceiros internacionais pensam sobre o desenvolvimento do continente, mas devem exercer a soberania de decidir sobre o que é melhor para eles.

"Por mais quente que seja a água da fonte, ela não cozerá o nosso arroz", declarou, citando Amílcar Cabral, o histórico combatente pela independência de Cabo Verde e Guiné-Bissau, para dar a ideia da necessidade de mobilização de forças internas.

José Maria Neves assinalou que África deve criar a sua própria epistemologia, apostando num ensino de excelência, que possa ajudar a contextualizar as políticas de desenvolvimento à realidade do continente.

Referindo-se à experiência de Cabo Verde, o ex-primeiro-ministro apontou a estabilidade das instituições, boa governação, inclusão e defesa do bem comum como fundamentais para o desenvolvimento de um país.

"Cabo Verde era um país improvável à altura da independência, mas é hoje um país viável, não tem os recursos naturais clássicos, mas tem na boa governação o seu petróleo e nos cabo-verdianos as suas pedras preciosas", afirmou.

O país erradicou o analfabetismo, está quase todo eletrificado e estendeu os cuidados de saúde materno-infantis a todas as mulheres e crianças, tornando-se num país de desenvolvimento médio.

O compromisso dos dirigentes com o serviço público, continuou, também foi fundamental para a estabilidade social, política e económica de Cabo Verde.

"Num país pequeno como Cabo Verde e num contexto de escassez de recursos, qualquer desvio de verbas é notado", brincou, para transmitir a noção da defesa do bem público.

Conosaba/Lusa

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